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26 04 CentroClima Noticia MudançasClimaticasÉ necessária uma mudança radical na atitude do atual governo, de modo a transmitir aos investidores externos a indispensável segurança sobre a continuidade das políticas anteriores de mitigação

Por Emilio Lèbre La Rovere

Estudos científicos recentes, liderados pelo painel internacional de cientistas (IPCC) mostraram que a magnitude dos danos dos impactos das mudanças do clima aumenta exponencialmente a partir de 1,5°C acima da média pré-existente antes da Revolução Industrial.

Como a atividade humana já aumentou esse nível em mais de 1°C, é preciso estabilizar a temperatura global com urgência. Para isso, o Acordo de Paris aprovado na COP21 da Convenção do Clima em 2015 fixou o objetivo de atingir um pico das emissões mundiais gases de efeito estufa (GEE) o mais rápido possível, e em seguida chegar a um equilíbrio entre as emissões e os sumidouros, ou seja, emissões líquidas nulas de GEE, na segunda metade deste século.

Governos e empresas já estão fazendo seu planejamento para esse cenário. A União Europeia, os Estados Unidos e vários outros países anunciaram sua intenção de serem “carbono neutros” em 2050, e a China se comprometeu a zerar suas emissões de CO2 (o principal GEE) em 2060. O Brasil apresentou a meta voluntária de reduzir 37% das emissões de 2005 em 2025 e 43% em 2030. Neste 22 de abril de 2021, durante a Cúpula dos Líderes do Clima convocada pelos EUA, o presidente Jair Bolsonaro complementou essas metas anunciando um objetivo de atingir sua neutralidade climática em 2050.

Estudos realizados pelo Centro Clima da COPPE/UFRJ, com amplo envolvimento e consulta a especialistas setoriais, confirmam que é viável atingir a neutralidade das emissões de GEE no Brasil em 2050 com as tecnologias hoje conhecidas e disponíveis no mercado, com viabilidade tecnológica e econômica comprovadas. O potencial de recursos naturais renováveis faz com que os benefícios e oportunidades da transição para uma economia de baixo de carbono sejam particularmente importantes no caso do Brasil, que detém posição privilegiada de competitividade nesse campo em relação aos demais países.

No entanto, esses estudos citados apontam pré-requisitos importantes para viabilizar tal transição. Por exemplo, os investimentos necessários deverão contar com aporte significativo de recursos financeiros externos para sua viabilização. A capacidade de atrair fluxos externos de capital para investimentos deve ser construída pelo governo, construindo um marco institucional e regulatório adequado para reduzir a percepção do risco país, do risco cambial, do risco de ruptura de contratos, dentre outros, e melhorar as condições de atração de investimentos em mitigação para o país.

O Brasil já dispõe de uma vantagem competitiva legítima, oferecida pelo seu enorme potencial de mitigação e sequestro (“offsets”, especialmente florestais) de emissões a baixos custos, em relação aos demais países. Pode ampliar sua atratividade através da implantação de mecanismos inovadores de financiamento (por exemplo “green bonds” e fundos garantidores público-privados), alavancando recursos externos a custos de capital mais baixos para projetos de mitigação adicional de emissões de GEE do país.

Como já demonstrado no ensaio representado pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM) do Protocolo de Quioto, em que o Brasil figurou entre os países que mais captaram recursos para investimentos em projetos de mitigação, o país reúne todas as condições para ser um dos principais beneficiários do Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável (SDM) do Acordo de Paris e também dos fluxos financeiros globais em busca de ativos de baixo carbono.

 

Para isso, porém, é necessária uma mudança radical na atitude do atual governo federal, de modo a transmitir aos investidores externos a indispensável segurança sobre a continuidade das políticas anteriores de mitigação, que reduziram as emissões anuais de GEE do Brasil em mais de 1 bilhão de tCO2, no período de 2004 a 2012. A complementação das políticas públicas com novos mecanismos financeiros para atração dos fluxos de financiamento externos pode levar o país a uma liderança na transição para uma economia de emissões líquidas nulas de GEE que acelere a retomada pós-COVID-19 (como o Plano Binden) e o desenvolvimento do país em bases mais sustentáveis.

Fonte: Um Só Planeta

26 04 CentroClima Noticia AnaliseCientíficaO posicionamento adotado pelo Brasil em relação à apresentação de sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) causou preocupação à sociedade brasileira e emite um sinal negativo e alarmante à comunidade internacional, quanto ao cumprimento dos compromissos climáticos adotados no Acordo de Paris.

O governo do Brasil apresentou em dezembro de 2020 a “Nova Primeira NDC” que consiste em uma atualização dos compromissos da NDC apresentada em 2015. Nessa nova versão,a meta do percentual de redução de 37% de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) para 2025, em relação a 2005, foi confirmada. Meta esta que já havia sido apresentada na versão anterior da primeira NDC brasileira. Além disso, foi oficializada a meta de redução de 43% para 2030.

Contudo, como o número de 2005 foi revisto e se tornou mais elevado, em volumes absolutos a “nova primeira NDC” brasileira indica que as metas de emissões brasileiras em 2025 e 2030 aumentaram. Nesse sentido, surgem alguns questionamentos importantes para lidar com a questão no presente momento, em que o Brasil acaba de se comprometer, na Cúpula do Clima organizada pelo presidente norte-americano Joe Binden, com emissões líquidas nulas de GEE em 2050:

  • Por que o governo brasileiro não apresentou uma Segunda NDC brasileira, mais ambiciosa do que a primeira, conforme exigido pelo Acordo de Paris?
  • O 4º Inventário Nacional de Emissões de GEE, parte da 4ª Comunicação Nacional enviada pelo Brasil ao secretariado da Convenção do Clima em 2021, ao modificar novamente os resultados das emissões do país em 2005, devido a mudanças metodológicas e melhores dados, deveráobrigatoriamente acarretar uma nova revisão das metas de emissões de GEE assumidas nas NDCs, mas quando ela será feita?
  • A revisão da NDC brasileira, através da “Nova Primeira NDC”, impactará negativamente na capacidade do Brasil de defender seus interesses nacionais na COP 26?

Para possibilitar um debate necessário, o Instituto Clima e Sociedade publicou um relatório sobre a “Avaliação dos Compromissos da nova versão da 1ª NDC do Brasil”. O documento foi elaborado pelo Centro Clima, contando com a contribuição científica do Prof. Emilio La Rovere.

Para conferir o documento completo, clique AQUI.

08 04 CentroClima noticia 2Esta é a primeira série de diálogos no âmbito do projeto ACT-DDP (Avaliação da Transição para uma Economia de Baixo Carbono – ACT / Caminhos para uma Descarbonização Radical-DDP).

O evento foi promovido pelo Centro Clima, um dos responsáveis pela execução do projeto ACT-DDP no Brasil, nos dias 7, 8, 13 e 15 de abril, com uma agenda específica para cada diálogo setorial abordado.

Veja:

Marco do diálogo: Perspectivas internacionais e nacionais sobre a transição para uma economia de baixo carbono - 7 de abril de 2021, 09:00 - 13:00

Diálogos setoriais: Energia Elétrica - 8 de abril, 14:00 - 18:00

Diálogos setoriais: Indústria de Cimento - 13 de abril, 14:00 - 18:00

Diálogos setoriais: Agropecuária - 15 de abril, 14:00 - 18:00

Sobre o Projeto ACT-DDP

Contexto

O Acordo de Paris colocou em prática duas dinâmicas complementares para alcançar uma ação ambiciosa sobre o clima, consistente com a meta de estabilizar a temperatura global em até 2°C (e se possível apenas 1,5°C) acima do nível pré-Revolução Industrial.

Programa de Trabalho

O projeto consiste em quatro etapas:

  1. Construção de trajetórias setoriais de descarbonização:
  2. Avaliação dos caminhos das empresas nos dois países:
  3. Transferência e comunicação em nível nacional:
  4. Comunicação em níveis regional e internacional:

Objetivos do Projeto

O objetivo do projeto é aumentar a ambição coletiva de redução das emissões de gás de efeito estufa (GEE) para alcançar a meta global firmada no Acordo de Paris. Foca em setores altamente emissores de GEE e economicamente estratégicos no Brasil e no México. O projeto e os diálogos abrangem os seguintes setores econômicos: setor de energia elétrica e indústria do cimento em ambos os países, transporte urbano no México e Agropecuária no Brasil.

Dessa forma, pretende acompanhar a visão estratégica de empresas desses setores quanto à sua transição para uma economia de baixo carbono, diante seus contextos nacionais, e permitir uma melhor comunicação entre atores estatais e não estatais em torno de cenários e trajetórias de descarbonização setorial até 2050, para enriquecer suas estratégias de baixo carbono.

O projeto apresenta uma dimensão inovadora ao juntar a metodologia de avaliação das estratégias de descarbonização das empresas desenvolvida pela Iniciativa ACT (uma avaliação holística sobre a capacidade de transição da empresa para uma economia de baixo carbono) com a abordagem bottom-up da Iniciativa DDP de construção de cenários e trajetórias de descarbonização realistas até 2050.

Objetivos dos Diálogos

  1. Compartilhar objetivos de redução de emissões de GEE necessários para os setores em nível global e nos casos do Brasil e do México.
  2. Compartilhar diversas perspectivas de agentes sociais “fora do negócio da empresa” sobre as transformações e ações setoriais que podem ocorrer e alterar as condições de mercado.
  3. Assegurar que os desafios das empresas sejam identificados e discutir suas ações, as especificidades de seus negócios e os detalhes necessários para o diálogo sobre suas trajetórias de emissões de GEE.

O evento internacional contou com mais de 100 participantes nos diálogos, entre representantes do governo, empresas privadas e organizações não governamentais, com tradução simultânea. A conferência do professor Emilio La Rovere apresentou o trabalho elaborado pela equipe do Centro Clima para o projeto, sob sua coordenação, sobre Trajetórias de Emissões de Gases de Efeito Estufa para o Brasil no horizonte de 2030 e 2050: Cenários de Referência e de Descarbonização.

Para conferir as apresentações do Evento ACT-DDP, clique AQUI.

Para conferir a página do projeto, clique AQUI

Instituições patrocinadoras do projeto:

Fonds Français pour l’Environnement Mondial – FFEM (Fundo Francês parao Meio Ambiente Global

Agence Française de Développement – AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento)

Ministère de la Transition Ecologique et Solidaire (Ministério da França para a Transição Ecológica e Solidária)

Instituições executoras do projeto:

AgencepourlaTransitionÉcologique – ADEME (Agência Francesa para a Transição Ecológica)

Institut de DévéloppementDurable et de RelationsInternationales – IDDRI (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais).

Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas - Centro Clima/COPPE/UFRJ

CarbonDisclosure Project – CDP (Projeto Transparência em Carbono)

Tempus Analítica (México)

Empresas parceiras no Brasil:

CEMIG, EdP e Neoenergia – Setor Elétrico

JBS – Setor Agropecuário

08 04 CentroClima noticia1A Urban Climate Change Research Network (UCCRN) e o Conselho Editorial do Terceiro Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas e Cidades (ARC3.3), a ser publicado pela Cambridge University Press, sediarão em 14 e 15 de abril o Workshop Virtual ARC3.3 Kick-Off.

A UCCRN (uccrn.org) está sediada no Earth Institut/Columbia University.

Pesquisadores do Núcleo Latino-Americano da UCCRN (um dos centros regionais da UCCRN), coordenado pelo professor Emilio La Rovere e a professora Martha Barata, foram convidados a participar como autores do ARC3-3.

A primeira etapa do processo de construção do ARC3.3 abordará e envolverá profissionais especialistas em:

  • Arquitetura, Planejamento Urbano e Design;
  • COVID-19, Cidades e Mudanças Climáticas;
  • Economia e Finanças Climáticas
  • Governança, Ambiente Político Favorável e Transição para Cidade Sustentável
  • Informalidade, Equidade e Desenvolvimento
  • Ciência do Clima nas Cidades;

Outros temas como: economia circular, dados e tecnologia, sistemas de infraestrutura interdependentes, soluções baseadas na natureza, percepção, comunicação e comportamento serão abordados na segunda etapa do processo.

Atualizações periódicas podem ser encontradas em AQUI.

01 04 CentroClima noticiaNos dias 2, 3 e 4 de março de 2021 ,o nexos+1 iniciou uma trajetória de transformação organizacional para as empresas que desejam evoluir seus negócios rumo a modelos resilientes e sustentáveis, que atendam às novas demandas de nossa sociedade.

Durante os três dias de evento, os participantes viveram uma experiência de imersão na sustentabilidade. Além disso, contaram com momentos de profunda reflexão e casos reais de transformação empresarial, mostrando que é possível se adequar a novos modelos.

O professor e coordenador do Centro Clima, Emilio Lèbre La Rovere participou do evento como um dos palestrantes. Atuou no plenário dos segmentos de "Tendências e estado das políticas para o mundo do investimento e financiamento: Resposta das empresas privadas" e no "Lançamento da Comunidade de Prática em Investimento e Clima".

Suas principais colocações enfatizaram a necessidade de um marco regulatório estável e de confiança para ter um ambiente propício ao investimento e às oportunidades nas mudanças climáticas. Nesse sentido, o professor afirmou que “devemos dizcutir como podemos oferecer maior segurança aos investidores, para que tenham a tranquilidade de que o dinheiro deles está ajudando o planeta”.

O professor, durante o lançamento da iniciativa, destacou o trabalho que a Comunidade de Prática (CoP) do projeto Decarboost pretende realizar para superar as barreiras que os desafios ambientais produzem. Na ocasião também ocorreu o1º Fórum Anual de Investimentos Privados da América Latina, desenvolvido pelo projeto DecarBoost. O evento buscou sistematizar casos de sucesso em investimentos de descarbonização radical e/ou esquemas financeiros e modelos de negócios, apresentando as estratégias dos países.

O nexos+1 aconteceu de forma totalmente online, reuniu 26 países e 50 expositores – especialistas, líderes e pioneiros em ações e políticas ambientais e sustentáveis. O evento foi um sucesso, alcançando mais de 1270 participantes em sua plataforma 3D e mais de 960 participantes nas oficinas.

Clique AQUI e confira as fotos da participação de Emilio:

Clique AQUI para mais informações sobre o nexos+1 de 2021.

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